Buller Brewing Pub: a melhor “cerveza tirada” de Buenos Aires

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Buenos Aires é generosa em seus bares. A personalidade de cada um deles está clara em sua decoração, luz, som ambiente e todas as características que dão originalidade a um bom bar. Mas nosso assunto são as cervejas artesanais e então, além da personalidade do boteco, nos interessa seu cardápio e filosofia de seus donos e/ou garçons.

Com esta disposição fomos visitar o Buller que se vangloria de ser “el primero brew pub de Buenos Aires”. Escolhemos o que fica na Recoleta por ser uma região bem turística para observarmos como a artesanal é percebida pelos locais e visitantes e também por ser o local onde as cervejas são fabricadas. Nossa curiosidade era grande porque o Buller existe desde 1999 e é um clássico entre os artesanais.

Sentamos na parte de fora pra observar a turistada e aproveitar o solzinho gostoso de fim de tarde. Como um brew pub de categoria o cardápio de comidas era muito bom dando a possibilidade de comer pratos, petiscos, sanduíches e pizzas feitas num belo forno de barro. Com fome, Cilmara pediu um Ojo de Bife Grillado e Vange um Pollo Lemon Grill. Os dois com seus devidos acompanhamentos e muito, mas muito saborosos. Pra acompanhar uma IPA pra fazer juz a nosso nome ;)

Que delícia! A IPA do Buller tem 6.0% de álcool e 43 IBU. Um amargor proeminente, mais cítrico e floral, mistura-se a um malte sensacional que dá equilíbrio perfeito à cerveja. Podemos dizer que foi uma das melhores IPAs experimentadas em Buenos Aires. Fresquíssima, da torneira ou “tirada” como os ‘arrentinos’ falam, ela tem gosto de quero mais.

O dia escurecendo resolvemos entrar pra conhecer o bar e admirar os tanques e toda a parafernália que envolve a fabricação de uma cerveja. No site do Buller um filminho bem simples explica este processo. Dê uma olhada http://bullerpub.com/made-in-our-own-pub Escolhemos o salão de mesas baixas que fica depois do salão de mesas altas e sofás. Ambiente ótimo, entendemos a Buller como uma família de amigos. Garçons simpáticos e prestativos cantavam parabéns a você para um deles que fazia aniversário.

Pedimos o sample dos seis tipos de cervejas produzidas que vieram em copos de 100ml perfeitos para a degustação. Além desses tipos eles fabricam sazonais. Começamos pela Pilsen que nos pareceu correta, gostosa e equilibrada, com cheirinho de cerveja tcheca indicando o uso de lúpulos nobres, com 4.8% de álcool e 16 IBU. Prosseguimos com a Hefeweizen  de 5.0% de álcool e 13 IBU, uma típica alemã com trigo, aroma de banana e ótima refrescância e acidez. Emendamos com uma Honey, estilo preferido por muitos, mas que não nos agrada muito. Com 8.5% de álcool e 16 IBU, ela se mostrou equilibrada e, apesar do teor alcoólico, não arde na garganta e nem é enjoativa, graças a sua acidez. O mel usado é também feito com métodos artesanais.

A próxima da seqüência é a Oktober Fest com 5.5 % de álcool e 18 IBU, leva malte de Viena e Munique numa receita tradicional da Baviera. Uma cerveja com alta dose de bebabilidade ;) Pulamos a IPA que já tínhamos bebido (e voltaríamos a beber) e fomos pra Dry Stout. Que beleza de cerveza!!!! Com 5.8% de graduação alcoólica e 39 IBU, usa seis maltes diferentes em sua receita e é um cafezão! Amarga, equilibrada, é nitrogenada para oferecer uma espuma bem cremosa. A pérola negra do bar. Para completar recebemos um sample de cortesia da Brow Ale uma sazonal com 5.0% de álcool e 21 IBU e um azedinho de chocolate bem gostoso. Outra Buller com muita bebabilidade…

Já à vontade, fizemos algumas perguntas ao gerente que tinha nos recebido muito bem e, para respondê-las o dono do Buller, Agustin Abbruzzi, veio à nossa mesa. Jovem, com todos os fundamentos das artesanais, ficamos conversando um bom tempo. Entre brincadeiras e informações soubemos que os mestres cervejeiros Ricardo Muhape e Sebastião Carrillo estão no Buller desde o começo. Com certeza, a constância e regularidade das receitas fortalece a fama do brew pub onde são produzidos 9000 litros ao mês.

Enfim, a cozinha fortalece o bar. O cheiro gostoso de comida sendo feita na hora só aquece o coração. Um dia voltaremos pra comer a Torre Big Buller, uma plataforma de três andares de petiscos que você chora e ri só de olhar. No cardápio, ela é descrita como “una maravillosa arquitectura gastronomica con un poquito de todo, onde comen 3 e 4 pican” (petiscam). Para o portunhol praticado com gosto pela Cilmara, una perfercion! jajaajaja

Ah! Entre as 18 e 20 horas rola uma Fanatic Time onde as cervejas ficam mais baratas.

todas as fotos de Cilmara Bedaque

Buller Pub & Brewery
http://www.bullerpub.com
Pres. Roberto M. Ortiz 1827
(atrás do cemitério no calçadão)
Buenos Aires, Argentina
tel.: (0)11 4313-0287

Seg–Sex desde o meio dia
Sáb desde 21hs

free WiFi excelente

Lúpulos da Patagônia na Bodega Cervecera

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Há poucos meses, a BJCP (Beer Judge Certification Program) homologou um novo sub-estilo de cerveja que significa uma vitória para os cervejeiros artesanais latinoamericanos: a IPA Argenta. Mas no que essa nova IPA difere das demais? Basicamente, a IPA Argenta se caracteriza por usar em sua composição maltes pilsen e de trigo (cereal muito cultivado pelos hermanos) e lúpulos da Patagônia Argentina.

Nós, Lupulinas, fãs confessas do estilo India Pale Ale, resolvemos aproveitar o feriado para visitar a bela Buenos Aires e, de quebra, provar a novidade. Amigos, a IPA Argenta não nos decepcionou.

Ainda difícil de encontrar nos bares especializados, demos sorte de encontrar três garrafas de IPA Argenta produzidas pela cervejaria Dust. Muito bem equilibrada, esta IPA leva lúpulos Nugget, Cascade, Mapuche e Victoria (todos plantados no sul da Argentina), é razoavelmente maltada e tem um teor alcoolico de 5,6% e 45IBU, fazendo dela uma cerveja leve e com bastante “bebabilidade”.

Ela é mais seca que as IPAs americanas e tem corpo mais leve que as inglesas, tendo em comum com elas os aromas cítricos, herbáceos e florais, dependendo da proporção e do modo como são adicionados os lúpulos.

Bebemos esta IPA Argenta, produzida pela Dust, num boteco sensacional aberto há um ano no bairro de Palermo, em Buenos Aires. É o Bodega Cervecera que mantém com destaque a boa fama dos bares portenhos. O ambiente é pequeno, com mesas na calçada e um segundo andar bem confortável. O estilo é rústico e meio improvisado como os bons botecos são. Sente-se que ele está sendo criado pelo tempo, por seus donos e frequentadores.

No dia que fomos a TV estava ligada na semifinal da Copa dos Campeões e vimos o Chelsea ser eliminado pela Atlético de Madrid e os outros clientes do bar festejarem a final madrileña. Terminado o jogo, o preponderante classic rock invade o ambiente como em todos bares de artesanais que fomos aqui em Buenos Aires. O clima fica ótimo.

Apos experimentarmos a IPA Argenta resolvemos continuar na viagem e comparar as outras IPAs poduzidas por nossos vizinhos. Aconselhadas por Alícia (a melhor garçonete do mundo) partimos para a American IPA da Triskell Brewing Co. com 7% de graduação alcóolica e 70 IBU. Uma garrafa linda de 750ml, com elefantes raivosos no rótulo e produzida com double dry hopping. Ela é bem maltada mas com lupulo muito presente. Uma pedrada. Das boas.

A Bodega Cervecera não tem muitas torneiras, mas tivemos o prazer de experimentar a Black IPA da Cork que não nos decepcionou. Redonda, bem feita, ela fica magnífica com azeitonas pretas que Alícia providenciou. Alias, seguindo a tradição de bares europeus, a Bodega não tem cardápio de petiscos ou pratos. Improvisa-se queijos e azeitonas só pra você não sair de lá dando PT (Perda Total ;)

Completamos o trabalho com uma Frausen IPA que achamos bem normalzinha, bem feita mas sem nada que nos chamasse mais a atenção. Uma IPA mais floral que herbácea ou cítrica.

E assim saimos do Bodega Cervecera felizes da vida por termos experimentado a IPA Argenta e por termos conhecido um boteco dos bons. Aquele que os locais passam na sua hora e são muito bem recebidos por Alícia que sabe o que eles gostam.

Bodega Cervecera
Rua Thames, 1759 (entre a El Salvador e a Costa Rica)
Palermo Soho, Buenos Aires
tel.: 5411-48333770
aberto todos os dias a partir das 18hs

todas as fotos de Cilmara Bedaque

Brugges: a cidade dos canais, chocolates e cervejas

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dayse brugges

Brugges é linda? É sim. Capital da região de Flandres, na Bélgica, é conhecida também como a Veneza do Norte, em homenagem a seus charmosos canais. Ali você encontra o melhor chocolate do mundo e uma meia dúzia de museus bacanas, como o Groening, com um belo acervo de artistas flamengos. (Inclusive obras de nossos queridos Jan van Eyck e Hieronymous Bosch). Dizem também que Brugges é destino turístico para casais enamorados, graças a seu encanto. Nós, Lupulinas, fomos a museus, passeamos pelos canais, comemos chocolates e… bebemos muita cerveja! Aqui, pra vocês, três bares/restaurantes pautados pela boa cerveja e que nos ganharam de cara:

Brasserie Cambrinus
Localizado na praça principal da cidade, o Cambrinus é bem fácil de achar e o maior dos três estabelecimentos que listamos aqui. Sua carta de cervejas tem a espessura de uma bíblia e a primeira dificuldade que tivemos foi escolher uma das quatro centenas de opções disponíveis /o\ Escolhemos uma Brugse Zot, uma pale blond ale originária da cidade, para celebrar com uma local. Depois seguimos com as trapistas Westmalle e Wesvleteren e as abadessas Maredsous e St. Bernardus. Experimentamos também as cultuadas Gouden Carolus Tripel e a Urthel Hop It. A cozinha da brasserie oferece uma boa variedade de petiscos e refeições completas, mas prepare-se: pode haver uma pequena espera para sentar, pois é um dos pontos turísticos da cidade. E não espere também pela agilidade e simpatia dos garçons.
Endereço: Philipstockstraat 19
Site: http://www.cambrinus.eu/default.htm

Staminèe De Garre
O De Garre faz sua própria cerveja, servida na torneira, mas oferece outras marcas também, a maioria em garrafa. O bar, que também oferece petiscos, fica num beco muito escondido (dizem ser o menor e mais oculto beco em Brugges) e demoramos séculos para encontrá-lo. Nosso cosplay de caça ao tesouro valeu a pena: a Garre Tripel, sua cerveja de linha, é simplesmente deliciosa, uma típica belgian ale com lúpulos bem presentes. A excelência se explica pela Garre Tripel ser produzida pela cervejaria Van Steenberge, a mesma fabricante das deliciosas Augustijn e Piraat. Foi no De Garre que experimentamos pela primeira vez a Hopus, que é servida em dois copos: o maior para a cerveja e o menor para o sedimento de levedura que fica no fundo da garrafa, um néctar dos deuses. O proprietário, simpático, atende as mesas com dedicação e oferece sugestões. Ele também serve mini porções de queijo a cada cerveja pedida e no ambiente rústico do bar ninguém fala alto ou grita. Talvez como conseqüência da música clássica que toca ao fundo. Se foi difícil encontrar o De Garre, posso afirmar que tampouco nos lembramos de como saímos dali. Tipo lugar mágico. Capaz de termos visto duendes.
Endereço: De Garre 1
(pra ajudar a localização saiba que este endereço é uma viela com portão que fica no fim de um beco na Breidelstraat, entre a praça do Markt e a prefeitura velha, o Burg)
Site: http://www.degarre.be/

t Brugs Beertje
O nome é praticamente impronunciável (quer dizer “O Ursinho de Brugges”), por isso apelidamos o pico de “Bar da Daisy”, em referência à genial proprietária Daisy Claeys que recebe todo mundo de maneira calorosa. Pioneiro na promoção e divulgação das cervejas locais e artesanais, o ‘t Brugs Beertje é o mais informal e gostoso destes três que visitamos em Brugges. Os freqüentadores (locais e turistas mais ‘descolados’) passam horas jogando baralho, conversando, trocando de mesa para conhecer convivas, sem pressão para que consumam e saiam logo. No Bar da Daisy o tempo corre devagar e podemos saborear as brejas calma e tranquilamente. Ali você encontrará 300 cervejas diferentes (apenas belgas), cinco delas na torneira, em sistema de rodízio. O restaurante serve petiscos e um ou dois pratos mais consistentes, pois o espaço é pequeno. Queremos voltar um dia no bar da Daisy? A resposta é um grande e maiúsculo SIM. E em breve.
Endereço: Kemelstraat 5
Site: http://www.brugsbeertje.be/index_en.htm

P.S. 1: falamos lá em cima que o melhor chocolate belga você encontra em Brugges. É verdade. Embora eles sejam vendidos em quase toda esquina, há uma pequena doceria um pouco fora do centro, que vale visitar e sair com um latão de de pralines, bomboms e chocolatinhos. É a Spegelaere  que fica na Ezelstraat, 94. Consulte os horários da loja aqui ( http://goo.gl/i9R0Mm ). Evite o famoso e fake Museu do Chocolate.

P.S. 2: não deu para visitarmos a Cervejaria Haalve Maan que fabrica a local Brugse Zot. Eles têm um tour pela fábrica e só lá você pode experimentar a Zot na pressão, antes de ser filtrada. Inclua a visita em seu roteiro porque uma cerveja tão boa fica ainda melhor, fresca, na torneira da fábrica.

P.S. 3: Ah sim! E vale pegar um barco daqueles bem turistão pra passear nos canais de Brugges. Você será premiado com ângulos inesquecíveis desta mais que charmosa cidade.