Apps para um bom cervejeiro

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A cerveja artesanal tem variedades e procedências que a industrial nem chega perto. Enquanto as micro-cervejarias inovam com rótulos e receitas novas, a grande indústria sofre quando quer mudar alguma coisa e seu produto é massificado e sem nuances. Mas como ter acesso a esta quantidade de dados sem ficar andando com pesados volumes de guias e enciclopédias?  Tranqüilo. É só baixar apps em seu tablete e/ou celular e compartilhar redes sociais, localizar bares onde a artesanal é vendida, brincar em joguinhos temáticos e saber mais da cerveja que você está bebendo. Vamos falar de alguns, mas é imensa a quantidade de apps que são oferecidos todos os dias nas lojas de iOS e Android. Ah! Demos preferência a apps grátis para que você vá se familiarizando antes de gastar seu rico dinheirinho.

Untappd – uma referência entre os aplicativos, ele é uma espécie de Foursquare do cervejeiro. É uma verdadeira rede social onde você compartilha com seus amigos as cervejas bebidas, atribui notas a elas e ainda dá check-in nos bares que você vai. O Untappd também dá dicas de cervejas a beber a partir da análise das que você gosta. Em inglês, para iOS e Android.

RateBeer – é um enorme banco de dados com cervejas do mundo todo e, como o nome diz, avaliações de outros usuários. Além disso, ele identifica a cerveja escaneando o código de barras. Em inglês, para iOS e Android.

Lokobeer – ainda está no começo e com os usuários colaborando para a enciclopédia. Este app tem a vantagem de ser em português e dirigido para nosso mercado de artesanais. Além disso, tem várias secções com joguinhos, dicas de uso de copos, buscador de cervejas e bares, eventos do mundo cervejeiro e uma interface bem amigável. E é legal você colaborar para que o banco de dados cresça seja catalogando um bar ou uma micro-cervejaria. Para iOS e Android.

Pintley – este app tem a pretensão de funcionar no mundo todo, mas é lógico que a inserção de dados é muito maior na Europa e nos Estados Unidos do que por aqui. Ele lista bares a partir da geolocalização de seu celular e compartilha seus dados com Facebook e Twitter. Faz sugestões de cervejas baseadas em seu gosto pessoal. Em inglês para iOS e Android.

Cervaonde – também construindo seu banco de dados, atualmente cobre mais o Rio de Janeiro indicando bares e pesquisando onde você pode encontrar sua artesanal preferida. Também oferece brincadeiras para escolher o motorista da rodada, divide a conta no bar e é bem funcional. Em português, para iOS mas promete no final de junho ter sua versão para Android.

Eisenbahn – neste app disponibilizado pela cervejaria você encontra um verdadeiro manual para ter sempre perto. Ele conta a história da cerveja artesanal, dá explicações sobre os estilos de cerveja, dá dicas sobre copos a serem usados e ainda te ensina a saborear e avaliar o que você está bebendo. Com ele você também pode localizar o bar mais próximo que ofereça cerveja artesanal. Em português, para iOS e Android.

Bier Tab – quatro mil cervejas de todo o mundo catalogadas, com avaliações e dados sobre sua procedência, graduação alcoólica, tipo de copo e tudo o mais. Nele você compartilha sua opinião e tem uma média da opinião de outros usuários. Em português, para iOS e Android.

Quando você viajar para outros países ou mesmo aqui no Brasil procure nas lojas de apps os que focalizam o lugar que você for visitar. Tem apps sobre micro-cervejarias em Santa Catarina, Bélgica ou qualquer outra região.

Outros apps legais são revistas online que focalizam nas artesanais suas matérias e secções.

Normalmente, oferecem alguns números para baixar na faixa e depois passam a cobrar por número baixado. Destacamos as brasileiras Good Beer 4All, Beer Culture, Guia da Cerveja, Beer Art e Revista da Cerveja. Em inglês, a Beer & Brewer Magazine, Craft Beer e a Brew Your Own Magazine.

E quando você estiver no bar ou em qualquer outro lugar sozinho jogue o 99 bottles e veja até quando você ainda acerta em alvos à sua frente. Boa sorte!

 

 

 

 

 

 

VAMULÁ BRASIL \o/ onde beber e torcer em SP

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Quando se fala em assistir jogos de futebol os torcedores se dividem em dois grupos: o compenetrado, que não quer ouvir nada que os distraia do caminho da bola e o zoneador que quer mais é gente falando e rindo e bebendo ao seu redor. Se o assunto é Copa do Mundo e o seu time for seu país aí a coisa assume proporções globais e essas características são multiplicadas em mil vezes.

Com a Copa do Mundo realizada aqui no Brasil esperam-se reações extremadas desses dois tipos de torcedores. Muita gente surtando solitariamente em seus apartamentos e muita zona pelos bares deste nosso Brasil.

Mas uma companhia a maioria destes dois tipos de torcedores não nega: a cerveja. Por isso, começando por São Paulo, onde será o jogo inaugural de Brasil e Croácia, nós vamos listar alguns bares que fazem promoções, instalam telões e garantem o serviço pra você ter o trabalho de tão somente torcer, comer e beber. Mas claro nosso assunto é cerveja artesanal. Então, beba menos e melhor \o/

CERVEJARIA NACIONAL
Quando o Brasil jogar o terceiro andar da CN ganhará um telão de 120 polegadas, além de três grandes televisões no segundo andar e uma no térreo. A promoção oferece as cinco cervejas fixas da casa, saquerinha de limão ou morango, fritas palito clássica, polenta e pipoca à vontade. Por este combo você paga R$95,00 com reserva antecipada ou R$120,00 na hora. A brincadeira começa 15 minutos antes do inicio do jogo e termina 15 minutos depois. Conforme o Brasil for avançando nas oitavas esta promoção continua com acréscimo no preço.
Mas o grande trunfo da CN é que no dia 12 de junho uma nova cerveja será lançada: a Umbabarauma, uma American Pale Ale criada pelo mestre cervejeiro Guilherme Hoffmann. Na final da Copa será a vez do lançamento da GoldMula, uma super IPA que estamos loucas para experimentar.
Além dos jogos da seleção, a CN estará aberta para todos os outros da Copa do Mundo. Por isso os novos horários de funcionamento são:
Segunda a quinta – meio-dia à meia-noite
Sexta e sábado – meio-dia à 01h30
Domingo – meio-dia às 20h00
Endereço: Av. Pedroso de Morais, 604, Pinheiros
Telefone: (11) 4305-9368 – para reservas: (11) 3034-4318
http://www.cervejarianacional.com.br/

ACONCHEGO CARIOCA SP
Vencedor do Concurso de Melhor Petisco da revista Prazeres da Mesa com a inigualável almofadinha de tapioca e camarão, criada por Kátia Barbosa, o Aconchego oferece um pacote que inclui uma camiseta, quatro cervejas artesanais e mais uma porção de bolinhos por R$72,00. As reservas devem ser feitas pelo e-mail edu@aconchegocarioca.com.br
Endereço: Alameda Jaú, 1.372 – Jardim Paulista
Telefone: (011) 3062-8262

TUBAÍNA BAR
O telão já está montado e esperando os torcedores uma hora antes que comecem os jogos do Brasil cobrando uma entrada de R$ 40,00 consumíveis. No cardápio todas as opções de bolinhos, lanches e pratos estarão disponíveis. Além das artesanais do cardápio, drinques especiais foram preparados para o evento, como a caipirinha Brasileirinha, de maracujá e kiwi. Quando o Brasil não jogar, o Tubaína abrirá às 16 horas com transmissão dos jogos das 17 e 19 horas no telão. Sexta e sábado será cobrada uma entrada de R$25,00 consumíveis.
Endereço: Rua Haddock Lobo, 74, entre as ruas Matias Aires e a Fernando de Albuquerque.
Telefone: (11) 3129-4930
http://www.tubainabar.com.br/

DE BRUER
Aqui todos os jogos que começarem após as 15 horas poderão ser assistidos no bar. Como o Brasil pode ser hexa, o De Bruer preparou seis tipos de costelinha homenageando três seleções européias e três americanas. Você poderá escolher entre a Brazuka (Brasil); Gringa (Eua); Hermana (Argentina); Fritz (Alemanha); Galega (Espanha) e Azzurra (Itália), todas com o preço de R$33,00. Cinco torneiras de chopp oferecerão Bamberg Pilsen R$6,00; Bamberg Weizen R$8,00; Dama IPA R$8,00; Schornstein IPA R$9,50; Schornstein Bock R$9,50. A promoção é: qualquer costela da Copa mais um litro de chope Dama ou Shornstein por R$40,00.
Endereço: Rua Girassol, 825
Telefone: 3812-7031
http://debruer.com.br/

BIER BAR
O grande atrativo é o estoque de cervejas artesanais com mais de 150 rótulos de todo o mundo em sua geladeira.  Vai rolar também um cardápio especial com petiscos típicos da Croácia, do México e do Camarões, países que enfrentarão o Brasil na primeira fase da competição. Depois de cada jogo uma banda com música ao vivo.
Endereço: Rua Tuim, 253 – Moema
Telelefone: (11) 5051-6695.
www.bierbar.com.br

A BOA CERVEJA
Aqui os clientes poderão comprar um cartão com oito chopes artesanais da Boa Cerveja e uma porção de petiscos por R$ 100,00. O torcedor poderá escolher bolinhos gregos, polenta, varenikes e salsichões alemães. Para dar uma tumultuada alegre, o bar vai fazer sorteios de brindes como copos, cervejas, kits e outras lembranças. Quem acertar o placar final de cada jogo ganha uma edição especial para a Copa de uma Paulaner ou Faxe.
Endereço: Rua Capitães Mores, 414 – Mooca

Obviamente esta não é uma lista definitiva e, se você for dono ou freqüentador de algum bar que não está neste post, mande seu recado nos comentários ou mande e-mail ( lupulinas@lupulinas.com.br  ) para ampliarmos cada vez mais nossas opções.

Agora é torcer e vencer! Vamulá, Brasil \o/

PS – a ilustração deste post é da promoção da Cervejaria Nacional

Respeite a Mulher Cervejeira

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Por que propagandas de cervejas são tão machistas? Se você pensa que mostrar mulheres peitudas e gostosas servindo cervejas a machos beberrões que se divertem no bar é coisa de brasileiro, saiba que está redondamente enganado. Comerciais e anúncios de cervejas são, em sua maioria, sexistas em qualquer parte do mundo.

Embora a feitura da cerveja tenha sido – desde sua origem e por séculos – uma tarefa quase que exclusivamente feminina isso começou a mudar quando as cervejas deixaram de ser feitas em casa e passaram a ser comercializadas em tavernas e pubs. A revolução industrial praticamente tirou a manufatura das mãos das mulheres quando a cerveja começou a virar negócio.

Se a cerveja era bebida e feita por mulheres desde os tempos mais remotos, por que hoje a indústria cervejeira faz tanto esforço para alijar a parte feminina do público consumidor? O marketing da Grande Indústria sabe dos números que apontam que cerveja é bebida mais por homens. Uma pesquisa da craftbeer.com sobre o mercado americano apontou que apenas 25% das mulheres do país consideram cerveja sua bebida alcoólica favorita. Podemos pensar o que veio primeiro: o ovo ou a galinha? Mulheres bebem menos cerveja porque não gostam mesmo ou porque sempre anunciaram a espumosa como “bebida para homem”?

Outro resultado dessa mesma pesquisa pode indicar um caminho: se considerarmos apenas o público amante de cervejas artesanais, a porcentagem de mulheres que dizem ser a cerveja sua bebida favorita cresce para 37%. A cultura cervejeira artesanal, por princípio e em geral, valoriza produtos locais, faz parcerias para ajudar suas comunidades, não tem ganas de distribuição de massa e, aparentemente, tem maior potencial para atrair mulheres, tanto para a produção como para a comercialização e apreciação de suas cervejas.

Mesmo assim, o meio cervejeiro artesanal é predominantemente masculino e ainda traz resquícios do sexismo herdado da Grande Indústria e que estão na memória de todos. Abundam imagens de gostosas e pinups nos rótulos e no marquetismo baseado no “sou macho, bebo cerveja forte pra pegar mulher”. Por exemplo: ainda que traga uma gordinha no rótulo, a cerveja Gordelícia cai na vala fácil da exposição da sensualidade da moça, assim como a Refrescadô de Safadeza. Note-se que são duas ótimas cervejas, mas que no conceito ficam bambas entre a piada botequeira e a fórmula “macho bebe, mulé estimula”. As americanas da Acme e da Lagunitas (deliciosas) também gostam de estampar pinups em suas garrafas. Vale lembrar que o comercial da Colorado para sua cerveja da Copa foi considerado machista e bastante criticado, não apenas por garotas, mas também por cervejeiros artesanais. Mas nada disso se compara ao machismo bruto das ações da Grande Indústria, que usa e abusa do corpo da mulher para vender cerveja.

Para nosso alívio, a maior parte dos rótulos das artesanais é neutra e não explora a sensualidade da mulher. Nem sugerem que elas permaneçam como espectadoras, serviçais ou estimuladoras. Alguns vão além e chegam a ser quase feministas, como a gaúcha Maria Degolada, feita em homenagem a uma mulher vítima de violência machista.

Mas a questão é: se a Grande Indústria toma como base seu público 75% masculino, as artesanais – que contam com maior público feminino – não deveriam ignorar seu 37% de apreciadoras, cifra que provavelmente cresce a cada ano. Uma boa maneira de atrair mais mulheres para suas cervejas é passar a respeitá-las como bebedoras de cerveja. Ah, e é bom lembrar também que já existem muitas mestras-cervejeiras no mercado e, como dissemos lá no início, fomos nós mulheres que inicial e secularmente fabricamos essa porra. Outra coisa a se considerar é que a Grande Indústria poderia focar em homens que não são idiotas e amam cervejas.

Ah! E se alguém vier comentar por aqui que nos falta humor garanto que nós somos muito bem humoradas e adoramos a companhia de mulheres e homens inteligentes.

Buller Brewing Pub: a melhor “cerveza tirada” de Buenos Aires

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Buenos Aires é generosa em seus bares. A personalidade de cada um deles está clara em sua decoração, luz, som ambiente e todas as características que dão originalidade a um bom bar. Mas nosso assunto são as cervejas artesanais e então, além da personalidade do boteco, nos interessa seu cardápio e filosofia de seus donos e/ou garçons.

Com esta disposição fomos visitar o Buller que se vangloria de ser “el primero brew pub de Buenos Aires”. Escolhemos o que fica na Recoleta por ser uma região bem turística para observarmos como a artesanal é percebida pelos locais e visitantes e também por ser o local onde as cervejas são fabricadas. Nossa curiosidade era grande porque o Buller existe desde 1999 e é um clássico entre os artesanais.

Sentamos na parte de fora pra observar a turistada e aproveitar o solzinho gostoso de fim de tarde. Como um brew pub de categoria o cardápio de comidas era muito bom dando a possibilidade de comer pratos, petiscos, sanduíches e pizzas feitas num belo forno de barro. Com fome, Cilmara pediu um Ojo de Bife Grillado e Vange um Pollo Lemon Grill. Os dois com seus devidos acompanhamentos e muito, mas muito saborosos. Pra acompanhar uma IPA pra fazer juz a nosso nome ;)

Que delícia! A IPA do Buller tem 6.0% de álcool e 43 IBU. Um amargor proeminente, mais cítrico e floral, mistura-se a um malte sensacional que dá equilíbrio perfeito à cerveja. Podemos dizer que foi uma das melhores IPAs experimentadas em Buenos Aires. Fresquíssima, da torneira ou “tirada” como os ‘arrentinos’ falam, ela tem gosto de quero mais.

O dia escurecendo resolvemos entrar pra conhecer o bar e admirar os tanques e toda a parafernália que envolve a fabricação de uma cerveja. No site do Buller um filminho bem simples explica este processo. Dê uma olhada http://bullerpub.com/made-in-our-own-pub Escolhemos o salão de mesas baixas que fica depois do salão de mesas altas e sofás. Ambiente ótimo, entendemos a Buller como uma família de amigos. Garçons simpáticos e prestativos cantavam parabéns a você para um deles que fazia aniversário.

Pedimos o sample dos seis tipos de cervejas produzidas que vieram em copos de 100ml perfeitos para a degustação. Além desses tipos eles fabricam sazonais. Começamos pela Pilsen que nos pareceu correta, gostosa e equilibrada, com cheirinho de cerveja tcheca indicando o uso de lúpulos nobres, com 4.8% de álcool e 16 IBU. Prosseguimos com a Hefeweizen  de 5.0% de álcool e 13 IBU, uma típica alemã com trigo, aroma de banana e ótima refrescância e acidez. Emendamos com uma Honey, estilo preferido por muitos, mas que não nos agrada muito. Com 8.5% de álcool e 16 IBU, ela se mostrou equilibrada e, apesar do teor alcoólico, não arde na garganta e nem é enjoativa, graças a sua acidez. O mel usado é também feito com métodos artesanais.

A próxima da seqüência é a Oktober Fest com 5.5 % de álcool e 18 IBU, leva malte de Viena e Munique numa receita tradicional da Baviera. Uma cerveja com alta dose de bebabilidade ;) Pulamos a IPA que já tínhamos bebido (e voltaríamos a beber) e fomos pra Dry Stout. Que beleza de cerveza!!!! Com 5.8% de graduação alcoólica e 39 IBU, usa seis maltes diferentes em sua receita e é um cafezão! Amarga, equilibrada, é nitrogenada para oferecer uma espuma bem cremosa. A pérola negra do bar. Para completar recebemos um sample de cortesia da Brow Ale uma sazonal com 5.0% de álcool e 21 IBU e um azedinho de chocolate bem gostoso. Outra Buller com muita bebabilidade…

Já à vontade, fizemos algumas perguntas ao gerente que tinha nos recebido muito bem e, para respondê-las o dono do Buller, Agustin Abbruzzi, veio à nossa mesa. Jovem, com todos os fundamentos das artesanais, ficamos conversando um bom tempo. Entre brincadeiras e informações soubemos que os mestres cervejeiros Ricardo Muhape e Sebastião Carrillo estão no Buller desde o começo. Com certeza, a constância e regularidade das receitas fortalece a fama do brew pub onde são produzidos 9000 litros ao mês.

Enfim, a cozinha fortalece o bar. O cheiro gostoso de comida sendo feita na hora só aquece o coração. Um dia voltaremos pra comer a Torre Big Buller, uma plataforma de três andares de petiscos que você chora e ri só de olhar. No cardápio, ela é descrita como “una maravillosa arquitectura gastronomica con un poquito de todo, onde comen 3 e 4 pican” (petiscam). Para o portunhol praticado com gosto pela Cilmara, una perfercion! jajaajaja

Ah! Entre as 18 e 20 horas rola uma Fanatic Time onde as cervejas ficam mais baratas.

todas as fotos de Cilmara Bedaque

Buller Pub & Brewery
http://www.bullerpub.com
Pres. Roberto M. Ortiz 1827
(atrás do cemitério no calçadão)
Buenos Aires, Argentina
tel.: (0)11 4313-0287

Seg–Sex desde o meio dia
Sáb desde 21hs

free WiFi excelente

Lúpulos da Patagônia na Bodega Cervecera

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Há poucos meses, a BJCP (Beer Judge Certification Program) homologou um novo sub-estilo de cerveja que significa uma vitória para os cervejeiros artesanais latinoamericanos: a IPA Argenta. Mas no que essa nova IPA difere das demais? Basicamente, a IPA Argenta se caracteriza por usar em sua composição maltes pilsen e de trigo (cereal muito cultivado pelos hermanos) e lúpulos da Patagônia Argentina.

Nós, Lupulinas, fãs confessas do estilo India Pale Ale, resolvemos aproveitar o feriado para visitar a bela Buenos Aires e, de quebra, provar a novidade. Amigos, a IPA Argenta não nos decepcionou.

Ainda difícil de encontrar nos bares especializados, demos sorte de encontrar três garrafas de IPA Argenta produzidas pela cervejaria Dust. Muito bem equilibrada, esta IPA leva lúpulos Nugget, Cascade, Mapuche e Victoria (todos plantados no sul da Argentina), é razoavelmente maltada e tem um teor alcoolico de 5,6% e 45IBU, fazendo dela uma cerveja leve e com bastante “bebabilidade”.

Ela é mais seca que as IPAs americanas e tem corpo mais leve que as inglesas, tendo em comum com elas os aromas cítricos, herbáceos e florais, dependendo da proporção e do modo como são adicionados os lúpulos.

Bebemos esta IPA Argenta, produzida pela Dust, num boteco sensacional aberto há um ano no bairro de Palermo, em Buenos Aires. É o Bodega Cervecera que mantém com destaque a boa fama dos bares portenhos. O ambiente é pequeno, com mesas na calçada e um segundo andar bem confortável. O estilo é rústico e meio improvisado como os bons botecos são. Sente-se que ele está sendo criado pelo tempo, por seus donos e frequentadores.

No dia que fomos a TV estava ligada na semifinal da Copa dos Campeões e vimos o Chelsea ser eliminado pela Atlético de Madrid e os outros clientes do bar festejarem a final madrileña. Terminado o jogo, o preponderante classic rock invade o ambiente como em todos bares de artesanais que fomos aqui em Buenos Aires. O clima fica ótimo.

Apos experimentarmos a IPA Argenta resolvemos continuar na viagem e comparar as outras IPAs poduzidas por nossos vizinhos. Aconselhadas por Alícia (a melhor garçonete do mundo) partimos para a American IPA da Triskell Brewing Co. com 7% de graduação alcóolica e 70 IBU. Uma garrafa linda de 750ml, com elefantes raivosos no rótulo e produzida com double dry hopping. Ela é bem maltada mas com lupulo muito presente. Uma pedrada. Das boas.

A Bodega Cervecera não tem muitas torneiras, mas tivemos o prazer de experimentar a Black IPA da Cork que não nos decepcionou. Redonda, bem feita, ela fica magnífica com azeitonas pretas que Alícia providenciou. Alias, seguindo a tradição de bares europeus, a Bodega não tem cardápio de petiscos ou pratos. Improvisa-se queijos e azeitonas só pra você não sair de lá dando PT (Perda Total ;)

Completamos o trabalho com uma Frausen IPA que achamos bem normalzinha, bem feita mas sem nada que nos chamasse mais a atenção. Uma IPA mais floral que herbácea ou cítrica.

E assim saimos do Bodega Cervecera felizes da vida por termos experimentado a IPA Argenta e por termos conhecido um boteco dos bons. Aquele que os locais passam na sua hora e são muito bem recebidos por Alícia que sabe o que eles gostam.

Bodega Cervecera
Rua Thames, 1759 (entre a El Salvador e a Costa Rica)
Palermo Soho, Buenos Aires
tel.: 5411-48333770
aberto todos os dias a partir das 18hs

todas as fotos de Cilmara Bedaque

Cerveja no Aconchego: um papo com Edu Passarelli

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educapa

Nós, Lupulinas, nos interessamos e lemos sobre cerveja artesanal há quase quinze anos. Quando estávamos no meio deste processo, um cara que escrevia sobre artesanais nos chamou a atenção com seu blog e seu bar. O nome dele é Edu Passarelli que mantém o blog EduRecomenda e também abriu bares bem legais neste tempo. Atualmente ele é sócio na filial do restaurante e bar Aconchego Carioca aqui em São Paulo, famoso por sua carta de cervejas e sua cozinha com receitas brasileiríssimas e originais. Afinal, um bolinho de feijoada é um bolinho de feijoada \o/ No papo com Edu falamos sobre as cervejas e o Aconchego e que bom! Edu continua um bom papo e um cara que entende do negócio.

Lupulinas: quando e por que você começou a se interessar por cervejas?
Edu: em 1998 eu abri uma pizzaria na Vila Madalena, chamada Giotto. Nessa época, como todo bom brasileiro, eu me achava um conhecedor de cervejas, tipo “a Brahma de Agudos é melhor que a de não sei onde, a Skol em lata é melhor que em garrafa”, essas balelas que hoje a gente sabe que são tudo lenda urbana. Aí chegou a Erdinger no Brasil e um bar do outro lado da rua da pizzaria começou a vender Erdinger e chopp da Universitária, que era de Campinas. Aí eu fui lá, provei e achei tudo diferente.

Lupulinas: você nunca havia bebido importadas?
Edu: sim já, mas vinha muita importada em lata pro Brasil, tudo pilsen. Era mais para colecionadores do que para apreciar. Talvez eu nunca tivesse bebido uma cerveja prestando atenção nela. Eu ia ainda naquele conceito, que muita gente até hoje tem, que cerveja quando foge do estilo pilsen (ou pseudo pilsen como tem aí no mercado) é ruim. Aí fui percebendo que cervejas poderiam ter vários aromas, sabores, rituais de serviço e então comecei a pesquisar, comprei livros, guias de cervejas, comecei a marcar “essa eu tomei, essa outra eu quero experimentar”. Quando os amigos iam viajar, eu pegava meu livrinho e pedia “opa, se achar, traz essa cerveja pra mim”, e quando viajava ia visitar cervejarias e bares para conhecer.

Lupulinas: você então começou como autodidata?
Edu: sim, experimentar cervejas foi um hobby meu durante um tempão. Mas em 2002 eu vendi a pizzaria e fui estudar gastronomia com o intuito de empreender de novo (minha formação é de administração). Estudei gastronomia não para ser chef de cozinha, mas para conhecer melhor o funcionamento da coisa. Como eu já gostava de cerveja, comecei a falar de cerveja na faculdade e dessa história de harmonizar cerveja com gastronomia. Aproveitando que era um assunto novo e pouco se falava sobre o assunto no Brasil acabei fazendo meu TCC sobre o tema. Depois fiz uma pós-graduação de gestão de serviços de alimentação e ali fiz um projeto de um bar harmonizando cervejas e gastronomia, que viria a ser o meu próximo empreendimento, o bar Melograno.

Lupulinas: nessa época que você começou a fazer o blog Edu Recomenda?
Edu: o projeto do Melograno estava guardado e em 2005 comecei a escrever o blog, que ajudou a me projetar. Começaram a surgir convites, fui chamado pra ser jurado do primeiro concurso da Acerva carioca, no final de 2006. Foi engraçado, porque eu pensei “puxa, tomar cerveja caseira, vou levar engov, sal de frutas, porque isso deve ser terrível”, mas quando eu encontrei a galera e fui provando as cervejas, percebi que elas eram boas e resolvi me dedicar um pouquinho mais, fiz um curso de sommelier de cerveja do Senac. Como havia só uns quatro blogs de cerveja naquela época, eu fui me destacando cada vez mais. Eu era convidado para dar palestras e fui escrever na revista Prazeres da Mesa.

Lupulinas: eram poucos os espaços para se falar de cervejas artesanais, né?
Edu: sim. Era um mercado de nicho (hoje ainda é, mas maior) e, por exemplo, numa palestra para empresas, eu levava umas cervejas mais “diferentes” e as pessoas não gostavam. As pessoas nunca tinham visto aquilo. Hoje em dia, por exemplo, você chega numa palestra e fala da Colorado, todo mundo conhece.

Lupulinas: e como foi a volta aos empreendimentos gastronômicos?
Edu: chegou um ponto em que eu decidi que precisava voltar, fui atrás de amigos que quisessem investir e, em 2008, tirei o projeto do papel e abri o Melograno na Vila Madalena. Eu fiz todo o cardápio e aproveitei minha experiência da pizzaria pra fazer uma forneria, onde eu poderia ousar um pouco mais nos ingredientes e brincar com essa história de harmonização com cervejas, o que não fugia muito do meu domínio.

Lupulinas: o Melograno foi dos primeiros bar/restaurante com cervejas artesanais em São Paulo?
Edu: sim. Existia só o Frangó, e eu tive que aprender na marra a lidar com o mercado e o começo do Melograno foi bem difícil por causa disso. As pessoas entravam, se sentavam, pediam a carta de cervejas, viam aquele monte de rótulos e perguntavam “não tem cerveja normal?”. A vontade era dizer “essas é que são as cervejas normais!” (risos). Mas depois que ganhamos o prêmio da Veja de melhor carta de cervejas de São Paulo, o mercado e o público começaram a prestar atenção na gente e o Melograno começou a andar. Começamos a atrair um público que não é de beergeek, mas aquele que gosta de apreciar e experimentar novas cervejas.

Lupulinas: quais as dificuldades para manter uma boa carta de cervejas? Como é a negociação com produtores, distribuidores e importadores?
Edu: então, aqui no Aconchego Carioca SP temos uma carta com 150, 160 cervejas e trabalho para termos pelo menos 90% delas disponíveis sempre. Ainda é um mercado difícil para os importadores porque algumas vezes a carga fica parada no porto, por causa da burocracia e etc. Eu costumo dizer que, para ter quantidade de rótulos, basta ter dinheiro, porque é só procurar no Google que você acha todos os fornecedores, vai lá e compra. Mas para ter uma boa carta de cervejas, você tem que ter seleção de produtos, uma seleção adequada ao conceito do bar/restaurante. Se eu quero ter uma mega loja de cervejas a seleção é uma, se eu quero ter um restaurante de vinte lugares é outra, e por aí vai. Outra coisa importante: você tem que ter um serviço adequado, o que não é fácil, você tem que ter giro desses produtos (já que a maioria das cervejas é boa quando fresca), e você tem que ganhar dinheiro com isso. Então precisa saber como manter estoque, calcular o giro, saber a hora certa de comprar e vender, as margens corretas de lucro para trabalhar cada produto, saber quando fazer uma promoção, etc. Inclusive, o curso que dou na GV sobre Negócios da Cerveja envolve todas essas questões.

Lupulinas: quantos prêmios você já ganhou com suas cartas de cerveja?
Edu: entre o Melograno e o Aconchego Carioca SP eu já ganhei 6 prêmios de melhor carta de cerveja.

Lupulinas: então vamos falar do Aconchego. Você falou tanto em conceito… Qual o conceito do Aconchego?
Edu: a nossa missão é trazer pra São Paulo aquele conceito do Aconchego Carioca original, do Rio de Janeiro, o do botequim. O botequim tem muito a presença do dono, é um lugar que tem alma ou aonde vai se criando a alma.

Lupulinas: os sócios são você, o André (Clemente) e a Kátia (Barbosa) no Aconchego/SP?
Edu: sim. A Kátia já era minha amiga há um tempão. Eu a conheci quando o pessoal da Acerva levou os jurados para comer no Aconchego Carioca/RJ. Aí minha esposa, Carol, tava numa mesa separada e ficou me chamando “amor, amor” e eu não ouvia. Foi quando a Kátia chegou nela e perguntou “quem é que você tá chamando, como é o nome dele?”. Minha esposa respondeu “Edu”. E a Katia então disse “deixa que eu vou te ensinar como faz” e berrou “Porra, Edu!”. Aí eu olhei pra elas e a Kátia mandou “Vagabundo a gente trata assim” (risos). Depois disso, ela ficou muito amiga da Carol e nós acabamos criando uma amizade bem grande. Depois de um tempo que eu saí do Melograno, encontrei a Kátia no Aconchego/RJ pra beber e conversar e ela disse que tava interessada em abrir um Aconchego em SP. Aí, fechou. A gente chamou o André, que já conhecia bastante sobre cerveja, escrevia sobre cervejas na Prazeres da Mesa e na Gula e sentamos para planejar o Aconchego Carioca SP. Nosso trabalho era trazer toda a alma do Aconchego/RJ para o Aconchego/SP. A primeira coisa que a gente decidiu é que não teria arquiteto, pra não ficar muito “arrumadinho” e colocamos alguns elementos que caracterizavam o Aconchego/RJ, como as redes no teto. Mas principalmente, a cozinha da Kátia. Hoje, o Aconchego/SP já está com esse jeito de boteco, do cliente que sempre volta,que  chama o garçom pelo nome e o garçom já sabe o que o cliente bebe. Isso que faz a alma do boteco.

Lupulinas: nossos leitores vivem perguntando por que a cerveja artesanal brasileira é cara. O preço delas vai baixar?
Edu: Eu acho que o preço hoje em dia já está melhorando, mas não vejo como a cerveja artesanal brasileira poderá ficar mais barata que a importada. A cerveja artesanal brasileira pode até baratear, mas a importada vai baratear junto. As cervejarias artesanais brasileiras não têm nenhum tipo de incentivo, salvo algumas ações em outros estados como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina que nos últimos anos reduziram o ICMS para as pequenas cervejarias. Mas se a gente for comparar com Estados Unidos, lá uma artesanal custa o triplo de uma Budweiser, por exemplo. E se a gente for a um supermercado no Brasil, a gente encontra uma Way a 7 reais e uma Heinekken a 2,50. É mais ou menos a mesma proporção.

Falamos só com o Edu desta vez, mas o Aconchego é a perfeita fusão entre os três sócios. Dia desses as Lupulinas entrevistarão também André Clemente e Katita Barbosa, a prosa mais carioca e uma das cozinhas mais gostosas deste nosso imenso Brasil. Ah! O prato executivo servido no almoço de todos os dias é imperdível.

 

Aconchego Carioca SP
Alameda Jaú, 1.372
(011) 3062-8262
terça a sábado : 12h à 0h
domingo : 12h às 18h
segunda : 18h às 23h

 

fotos de cilmara bedaque (exceto as de divulgação)

 

#VaiTerCopo

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mynameisze

Ainda é cedo e muitos outros mistérios devem pintar por aí. Mas algumas cervejarias artesanais brasileiras já estão fabricando suas beberagens em homenagem à Copa do Mundo 2014 e que serão lançadas durante o evento. Se, por um lado, a Copa é patrocinada por um Gigante da Indústria, os pequenos produtores se mexem para colher novos fãs e divisas do turismo que será gerado nas cidades-sede da Copa.

A cervejaria carioca 2Cabeças fez um gol de placa ao firmar uma parceria com a escocesa Brewdog, uma das artesanais mais descoladas da Europa. Juntas, elas estão fabricando uma Passion Fruit IPA chamada Hello, My Name is Zé e que será distribuída apenas no Brasil e para os sócios do programa Equity for Punks, da Brewdog. A “Hello, My Name is Zé”, apesar dos toques de maracujá, será bem diferente da já conhecida MaracujIPA, da 2Cabeças. Segundo Bernardo Couto, cervejeiro da brasileira, “Zé” difere da MaracujIPA em tudo: nos maltes, teor alcoólico e terá uma lupulagem bem mais agressiva. As Lupulinas aguardam ansiosas \o/

Outra parceria internacional é das cervejarias Bierland (SC, Brasil) e Antares (Argentina), provando que os maiores rivais do futebol sul americano podem se juntar pra fazer uma boa cerveja. Ainda sem nome, a parceria Bierland/Antares será uma cerveja do estilo American Pale Ale, produzida com lúpulos da Patagônia Argentina e extrato de guaraná brasileiro. Pra deixar todo mundo ligadinho no jogo.

A cervejaria mineira Falke Bier, por sua vez, resolveu homenagear os ingleses, que farão um jogo em Belo Horizonte, lançando uma cerveja (ainda sem nome) com maltes e lúpulos ingleses e a adição da nossa única, particular e brasileiríssima jabuticaba. Além do rótulo comemorativo, Marco Antonio Falcone, um dos sócios da Falke, disse estar preparado para receber os turistas em sua fábrica-bar, que fica bem próxima da capital e está mapeada nos beertours oficiais da cidade. Falcone disse que a produção da Falke será sextuplicada no período da Copa e que a fábrica-bar está investindo na capacitação dos funcionários para atender o público estrangeiro. Uma nova lojinha de souvenirs da cervejaria será criada. Porque todo mundo gosta de levar lembrancinhas pra casa.

Para saudar a seleção francesa de futebol que se hospedará em Riberão Preto, a local Colorado irá lançar uma variação de sua conhecida Cauim, mas com lúpulos franceses: a Allez les Bleus, grito da torcida francesa para empurrar sua seleção. A cerveja comemorativa será comercializada no Brasil e na França e a Colorado, para este fim, fez um comercial provocativo e de gosto duvidoso, explorando o corpo nu e o suvaco peludo da mulher francesa. Nós, Lupulinas, feministas, ficamos #chatiadas com essa nudez desnecessária (qual a necessidade disso?) usada na promoção de uma cervejaria que jamais colocou mulheres nuas ou sexies em seus rótulos (apenas o ursinho que amamos tanto). Por outro lado, gostamos de sovaco peludo, que não é prerrogativa exclusiva das francesas. Como faz parte da ação uma resposta dos franceses ainda não veiculada, aguardemos os desdobramentos desta campanha.

Além dos rótulos comemorativos (esses são apenas alguns que pescamos para vocês), algumas cervejarias artesanais estarão oferecendo tours para visitação e degustação em suas fábricas. Uma delas é a Bamberg, que fica em Votorantim (40 minutos de São Paulo) e que abrirá suas portas aos sábados para a turistada, a partir das 11 da manhã, por 30 reais e com guias que falam inglês (além dos de língua nativa). Fora da Copa, o dono da cervejaria, Alexandre Bazzo, também oferece estes tours em português. O passeio dá direito a uma degustação das cervejas produzidas pela Bamberg. O agendamento pode ser feito pelo e-mail contato@cervejariabamberg.com.br e maiores informações no www.cervejariabamberg.com.br

Daqui até ao início da Copa, devem surgir mais cervejas especiais e sazionais  e mais eventos cervejeiros relacionados ao evento. Estaremos acompanhando e contando pra vocês \o/\o/\o/

Brugges: a cidade dos canais, chocolates e cervejas

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dayse brugges

Brugges é linda? É sim. Capital da região de Flandres, na Bélgica, é conhecida também como a Veneza do Norte, em homenagem a seus charmosos canais. Ali você encontra o melhor chocolate do mundo e uma meia dúzia de museus bacanas, como o Groening, com um belo acervo de artistas flamengos. (Inclusive obras de nossos queridos Jan van Eyck e Hieronymous Bosch). Dizem também que Brugges é destino turístico para casais enamorados, graças a seu encanto. Nós, Lupulinas, fomos a museus, passeamos pelos canais, comemos chocolates e… bebemos muita cerveja! Aqui, pra vocês, três bares/restaurantes pautados pela boa cerveja e que nos ganharam de cara:

Brasserie Cambrinus
Localizado na praça principal da cidade, o Cambrinus é bem fácil de achar e o maior dos três estabelecimentos que listamos aqui. Sua carta de cervejas tem a espessura de uma bíblia e a primeira dificuldade que tivemos foi escolher uma das quatro centenas de opções disponíveis /o\ Escolhemos uma Brugse Zot, uma pale blond ale originária da cidade, para celebrar com uma local. Depois seguimos com as trapistas Westmalle e Wesvleteren e as abadessas Maredsous e St. Bernardus. Experimentamos também as cultuadas Gouden Carolus Tripel e a Urthel Hop It. A cozinha da brasserie oferece uma boa variedade de petiscos e refeições completas, mas prepare-se: pode haver uma pequena espera para sentar, pois é um dos pontos turísticos da cidade. E não espere também pela agilidade e simpatia dos garçons.
Endereço: Philipstockstraat 19
Site: http://www.cambrinus.eu/default.htm

Staminèe De Garre
O De Garre faz sua própria cerveja, servida na torneira, mas oferece outras marcas também, a maioria em garrafa. O bar, que também oferece petiscos, fica num beco muito escondido (dizem ser o menor e mais oculto beco em Brugges) e demoramos séculos para encontrá-lo. Nosso cosplay de caça ao tesouro valeu a pena: a Garre Tripel, sua cerveja de linha, é simplesmente deliciosa, uma típica belgian ale com lúpulos bem presentes. A excelência se explica pela Garre Tripel ser produzida pela cervejaria Van Steenberge, a mesma fabricante das deliciosas Augustijn e Piraat. Foi no De Garre que experimentamos pela primeira vez a Hopus, que é servida em dois copos: o maior para a cerveja e o menor para o sedimento de levedura que fica no fundo da garrafa, um néctar dos deuses. O proprietário, simpático, atende as mesas com dedicação e oferece sugestões. Ele também serve mini porções de queijo a cada cerveja pedida e no ambiente rústico do bar ninguém fala alto ou grita. Talvez como conseqüência da música clássica que toca ao fundo. Se foi difícil encontrar o De Garre, posso afirmar que tampouco nos lembramos de como saímos dali. Tipo lugar mágico. Capaz de termos visto duendes.
Endereço: De Garre 1
(pra ajudar a localização saiba que este endereço é uma viela com portão que fica no fim de um beco na Breidelstraat, entre a praça do Markt e a prefeitura velha, o Burg)
Site: http://www.degarre.be/

t Brugs Beertje
O nome é praticamente impronunciável (quer dizer “O Ursinho de Brugges”), por isso apelidamos o pico de “Bar da Daisy”, em referência à genial proprietária Daisy Claeys que recebe todo mundo de maneira calorosa. Pioneiro na promoção e divulgação das cervejas locais e artesanais, o ‘t Brugs Beertje é o mais informal e gostoso destes três que visitamos em Brugges. Os freqüentadores (locais e turistas mais ‘descolados’) passam horas jogando baralho, conversando, trocando de mesa para conhecer convivas, sem pressão para que consumam e saiam logo. No Bar da Daisy o tempo corre devagar e podemos saborear as brejas calma e tranquilamente. Ali você encontrará 300 cervejas diferentes (apenas belgas), cinco delas na torneira, em sistema de rodízio. O restaurante serve petiscos e um ou dois pratos mais consistentes, pois o espaço é pequeno. Queremos voltar um dia no bar da Daisy? A resposta é um grande e maiúsculo SIM. E em breve.
Endereço: Kemelstraat 5
Site: http://www.brugsbeertje.be/index_en.htm

P.S. 1: falamos lá em cima que o melhor chocolate belga você encontra em Brugges. É verdade. Embora eles sejam vendidos em quase toda esquina, há uma pequena doceria um pouco fora do centro, que vale visitar e sair com um latão de de pralines, bomboms e chocolatinhos. É a Spegelaere  que fica na Ezelstraat, 94. Consulte os horários da loja aqui ( http://goo.gl/i9R0Mm ). Evite o famoso e fake Museu do Chocolate.

P.S. 2: não deu para visitarmos a Cervejaria Haalve Maan que fabrica a local Brugse Zot. Eles têm um tour pela fábrica e só lá você pode experimentar a Zot na pressão, antes de ser filtrada. Inclua a visita em seu roteiro porque uma cerveja tão boa fica ainda melhor, fresca, na torneira da fábrica.

P.S. 3: Ah sim! E vale pegar um barco daqueles bem turistão pra passear nos canais de Brugges. Você será premiado com ângulos inesquecíveis desta mais que charmosa cidade.

 

Stout: dos portos da Irlanda para o mundo

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A Grande Indústria Cervejeira costuma dividir os estilos de cervejas, de maneira até sexista, entre louras, morenas e ruivas. Bobagem. Nem todas loiras são iguais, nem toda ruiva tem o mesmo sabor e nem toda morena é (sic) “robusta”. Se a comparação com mulheres de raças e cabelos variados é condenável por conta do machismo subjacente, a classificação de cervejas entre pretas, claras e vermelhas ignora a enorme diversidade de sabores que vão além da mera coloração.

Para falar sobre Stouts, um estilo de cerveja preta nascido na Irlanda, convidamos nosso amigo Leopoldo Bitencourt, um amante do estilo e ex-assistente de mestre cervejeiro do Lagom Brewpub, de Porto Alegre. O Léo, que começou a fazer cervejas em casa por influência do pai, já produziu Stouts no Lagom (uma Dry Stout e variações de Imperial Stouts) e aceitou explicar para nós algumas das características do estilo.

Lupulinas: como surgiu a Stout?
Léo: a Stout é um estilo derivado das Porters, ambas de origem irlandesa. As Porters eram muito comuns nas cidades costeiras, com portos. Os “porters” eram os carregadores dos portos. Eles precisavam de cervejas fortes, pesadas, pra poder agüentar a lida. Aí foi criado o estilo Porter. A Stout é filha da Porter, derivada dela. Como muitos dos trabalhadores não gostavam de cervejas adocicadas (característica das Porters, que tem aquele toque de chocolate, às vezes até de avelã) eles buscaram um aroma de café, usando um malte bastante torrado para que a cerveja ficasse menos doce. Assim que surgiu a Stout.

Lupulinas: mas as Stouts podem variar bastante entre si, né?
Léo: sim, a Stout tem vários sub-estilos. Existem Stouts que são frutadas; as Imperial Stouts (geralmente mais extremas, mais doces e com mais álcool, que puxam menos pro café e mais pro chocolate); as Scotch Stouts, que são mais lupuladas e um pouquinho mais amargas; a Oatmeal Stout é feita com aveia e levemente frutada; a Sweet Stout geralmente leva adição de chocolate, mas em pequena quantidade, só pra dar aroma mesmo; e as Chocolate Stout, feitas com bastante chocolate e muito mais doces que as Porters (que não levam chocolate mas têm um leve aroma chocolate, caramelo e avelã).

Lupulinas: é bom esclarecer nosso leitor que esses aromas nem sempre resultam da adição da fruta, café ou do chocolate. É o malte tostado que abre esses sabores dentro da cerveja, certo?
Léo: exatamente.

Lupulinas: enquanto conversamos, estamos degustando uma Amazon Açaí Stout, que foi eleita a melhor cerveja do Brasil dentro do Festival da Cerveja Brasileira de 2014, em Blumenau, a que conseguiu maior pontuação entre o júri.
Léo: a Cervejaria Amazon trabalha bastante com o que existe na região (norte do país), fabricando estilos clássicos, mas sempre com um toque regional, como muitas outras cervejarias. Eu gostei dela, ela tem um corpo bom, não é uma Dry Stout. Tem um aroma fraco de café, uma espuma boa, bege, de corpo grosso e, no final, no retrogosto, tu sente um pouquinho de amargor que parece ser do açaí, embora eu não tenha sentido muito o açaí nela.

Lupulinas: mas ela parece ser fácil de beber…
Léo: ela é boa de tomar. Para quem não gosta de Stout por causa do gosto de café, ela é uma boa pedida porque o gosto de café praticamente some e fica no final o azedinho do açaí.

Lupulinas: nós estamos sentindo o álcool se sobressair. A dosagem alcoólica dela é 7,2.
Léo: não sei qual foi o método usado na adição da fruta, mas ela pode ter ajudado na fermentação, produzindo mais álcool na cerveja. Esse álcool e o azedinho no final fazem com que essa cerveja não fique doce.

Lupulinas: quanto se fala em Stout, nos vem à cabeça a Guiness, a Stout mais famosa, comercializada no mundo todo. Ela vem com aquela bolinha dentro da lata. Por que isso?
Léo: vocês podem reparar que as torneiras de chopp da Guiness também são diferentes. Elas saem com mais pressão, criando mais espuma que as outras. Numa entrevista com o Fergal Murray, mestre cervejeiro da Guiness, ele diz que “é uma cápsula propulsora de nitrogênio que, misturada ao gás carbônico, mantém o sabor da bebida. Essa cápsula também tem a função de compactar as bolinhas de gás da cerveja, levando todo o gás para o colarinho, tornando-o denso e cremoso.”

Lupulinas: dos elementos que são usados pra fazer uma cerveja, o que caracteriza cada um deles numa Stout?
Léo: vamos lá. A água, para fazer uma Stout, tem que ser um pouco mais dura (mais básica e menos ácida) para ajudar a quebrar as moléculas do malte e transformar ele em açúcar. Aí ela vai ficar mais robusta, porque o malte é bem dissecado, e a água puxa todo o amido que tiver no malte para a Stout. Quanto ao fermento, usamos o S-33 ou Irish Ale, sendo que este último dá menos sensação de secura. O malte é o básico do básico do básico nas Stouts: elas são cervejas bem maltadas e o malte é bem torrado (entre caramelo e torrado, geralmente usa-se mais o torrado). A base de uma Stout quase sempre Pale Ale ou Pilsen, maltes usados em geral para cervejas. O lúpulo, em Stouts clássicas, padrão, quase não é utilizado. Existe um sub-estilo, a Scotch Stout, que é um pouco mais lupulada. Mas de modo geral, o padrão da Stout é não ser lupulada. O lúpulo é usado em pouquíssima quantidade, apenas para dar um amargor pra quebrar o gosto do café e do caramelo, e só.

Lupulinas: agora estamos degustando uma Fuller’s Black Cab Stout.
Leo: ela tem 4,5% de álcool, menos que a Amazon, e tem um gostinho de café sem açúcar. Ela tem bem mais aroma e um retrogosto de café. Ela é um pouco mais escura que a que bebemos antes também.

Lupulinas: as Stouts variam de coloração? Ela pode ser marrom ou preta?
Léo: a Stout é preta com o colarinho bege. Mas pode variar de tonalidade, de acordo com a receita. Marrom é a mãe dela, que é a Porter. Reparem que essa Fuller’s quase não tem aroma de lúpulo e a gente sente só o café mesmo. É uma Stout clássica.

Lupulinas: ela não parece ser tão aguada quanto a Guiness, parece ter mais corpo…
Léo: isso é porque ela é mais maltada. Geralmente recomendo a Fuller’s como exemplo de Stout clássica, mais que a Guiness ou a Murphy’s, mais vendidas e conhecidas. A Guiness tem um colarinho mais alto e mais cremoso, por causa da tal bolinha de nitrogênio, que agrupa todo o gás carbônico e torna o colarinho mais espesso.

Lupulinas: as pessoas costumam achar que a Stout é uma cerveja mais pesada, densa e forte, por causa do visual, da coloração preta?
Léo: em geral, as Stouts não costumam ser pesadas. Uma cerveja de trigo, por exemplo, é mais pesada pra beber. Mas a Stout, assim como a Porter, são cervejas mais nutritivas. As Stouts que tem corpo mais denso são as chamadas Oatmeal Stout e as Imperial Stouts, que são cervejas encorpadas e alcoólicas, boas pro clima frio.

Lupulinas: agora vamos passar para uma Titanic Stout, com 4,5% de álcool.
Léo: essa é uma Stout inglesa, bem dentro do estilo. A espuma é alta e mais clara, e um aroma de café mais forte que a Fuller’s. Ao beber, tu percebes muito o malte torrado e o final mais seco. Podemos considerar essa cerveja uma Dry Stout.

Lupulinas: agora vamos degustar uma Schornstein Imperial Stout, brasileira de Pomerode, em Santa Catarina.
Léo: vocês podem perceber que ela não tem tanto aroma de café, é mais encorpada que as outras que provamos (por ter mais malte), e tem uma espuma muito mais baixa (talvez por causa do modo como foi servida no copo ou mesmo problema com a garrafa que abrimos). Ela tem um toque mais doce, de chocolate, e o retrogosto dela puxa um pouquinho pro amargo, como um chocolate meio-amargo. Ela é mais alcoólica (8%), então tu sentes mais o calor na garganta. Gostei dela porque ela é uma Imperial equilibrada e não tão extrema quanto outras e dá pra tomar tranquilamente numa mesa de bar.

E foi assim, tranquilamente e com um bom papo, que bebemos as maravilhosas Stouts que Léo nos apresentou. Nem todas as cervejas escuras são iguais e celebrar suas diferenças é dever de quem aprecia sabores, temperos e uma boa cerveja.